“O processo de transformação digital em Angola está numa fase muito boa”, considerou o CEO da empresa angolana CyberSecur – provedora de soluções inovadoras em prevenção, gestão e mitigação de riscos corporativos ligados à tecnologia da informação -, Hélio Pereira.
De acordo com o gestor, que falava à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, à margem da 2.ª edição do Angola Digital Fórum (ADF), realizado nesta Quinta-feira, 13, em Luanda, numa organização do Portal de T.I em parceria com a Mwango Brain, a saída do país do sistema analógico para o digital está a permitir que as empresas públicas comecem a transformar os seus modelos de negócios para adaptarem-se à nova era [digital].
“O avanço tecnológico no país já permite a integração de sistemas públicos, com as empresas privadas, o que facilita as mesmas a seguirem o mesmo caminho. Acredito que vamos crescer ainda mais, já não há tempo para recuar. Nós estamos na revolução 4.0, mas estamos a acompanhar o mundo que está na revolução 5.0”, notou.
De acordo com Hélio Pereira, Angola tem vindo a registar uma tendência elevada de crimes cibernéticos, que se tornou uma indústria multibilionária. Do seu ponto de vista, sempre que houver transformação digital, o criminoso tradicional vai querer mudar os seus modus operand para o digital.
Na qualidade de perito digital, o CEO da CyberSecur defende mais educação digital para contornar tal situação e evitar que as pessoas continuem a ser alvos dos cibercriminosos.
“Precisamos saber usar o poder da informação e a tecnologia ao nosso favor, com o objectivo de garantir a segurança”, apelou.
Entretanto, apesar de reconhecer evolução, ao fazer a abertura do Angola Digital Fórum, evento que juntou responsáveis de várias empresas públicas e privadas, a presidente do conselho de administração da Agência de Protecção de Dados (APD), Maria Pinto, admitiu que Angola ainda não está num nível considerável no que diz respeito à transformação digital.
Por outro lado, a responsável referiu que o processo de incorporação da tecnologia digital para dar solução aos problemas tradicionais é uma realidade à escala global, em particular no nosso país.
“Situações corriqueiras como a ida a um banco realizar uma simples transacção, ir procurar um táxi ou encomendar uma refeição deixaram de ser feitas para dar lugar a utilização de aplicações que nos permitem ter acesso a esses serviços sem sair de casa. Claramente, isso revela que estamos diante da transformação digital”, justificou Maria Pinto.
Já o director-geral do Portal de T.I, Seidou Ndolumingo, avançou que o Governo e as empresas têm feito o seu trabalho neste sentido. No entanto, no seu entender, é preciso também que os utentes procurem mais conhecimento para aumentar a interacção com as instituições e acompanharem a dinâmica tecnológica, apontando como exemplo o algumas instituições públicas do país. “Por exemplo, nós temos o portal do Ministério das Finanças, do contribuinte e do Guiché Único para a criação de empresas e outras actividades”.
O Angola Digital Fórum (ADF) tem como propósito estimular a partilha de conhecimento sobre temáticas actuais e relevantes que giram em torno da inovação e transformação digital. Nesta segunda edição, os participantes abordaram, de forma crítica, questões que envolvem o mercado tecnológico nacional.