Angola e São Tomé e Príncipe vão reforçar os laços de cooperação económica. De acordo com fontes citadas pelo semanário O NOVO – detido pela Media9 onde se inclui a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA –, os dois países vão assinar um acordo de reestruturação da dívida que o país liderado por Patrice Trovoada tem para com Angola. As mesmas fontes detalham que há interesses económicos entre os dois países lusófonos que não devem ser negligenciados, pelo que, em cima da mesa, está a possibilidade de se avançar com este debt swap permitindo assim que São Tomé e Príncipe consiga estancar a dívida que rondará os 300 milhões de euros.
Em cima da mesa estarão já três ativos considerados rentáveis, nos quais, o Estado liderado por João Lourenço irá assumir uma posição acionista. Entre estes ativos está a Companhia Santomense de Comunicações, o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe e o Hotel Miramar (cujo capital passará a 100% para as mãos de Angola). Outra fonte do mercado, explicou que, no caso da empresa de telecomunicações e do banco, o Estado angolano irá deter uma participação no capital, sendo que, a parte dos dividendos a atribuir aos são-tomenses servirá para amortizar esta dívida.
As mesmas fontes explicam ainda que Angola atribui importância geoestratégica ao território são-tomense, sobretudo pela proximidade ao golfo da Guiné, o que aumenta a relevância deste acordo. Isto sem esquecer os laços culturais históricos que os dois países têm cultivado.
Além destes ativos, que já estão identificados, poderão vir a ser avaliados outros que serão utilizados numa operação semelhante. Uma infraestrutura portuária e um bloco de petróleo, que apresenta boas perspetivas de exploração, estão em avaliação para se decidir se Angola vai participar no capital. No caso do setor petrolífero, a negociação poderá passar por uma participação num novo bloco de petróleo – ficando 70% para o Estado são-tomense e 30% para Angola – ou pelo reforço da posição na área que já está a ser explorada pela petrolífera angolana Sonangol no bloco 2.
Este entendimento entre os dois países ficou desenhado em fevereiro deste ano quando da visita de uma comitiva angolana a São Tomé e Príncipe. Aliás logo nessa altura, em fevereiro, o ministro das Finanças são-tomense, Genésio da Mata, chegou a admitir, durante a visita de uma delegação de líderes angolanos ao país, que as partes fizeram o reconhecimento da dívida bilateral entre os dois Estados, assim como da dívida de combustíveis que a Empresa de Água e Eletricidade são-tomense (Emae) tem para com a Empresa Nacional de Combustível e Óleo (Enco), na qual o Estado angolano é o maior acionista, através da Sonangol. Na altura, pelas contas do governante são-tomense, a dívida bilateral com Angola estaria avaliada em cerca de 68 milhões de dólares (63,5 milhões de euros), o valor acumulado da Emae rondaria os 252 milhões de dólares (235,6 milhões de euros).
A delegação angolana que visitou São Tomé há cerca de três meses foi liderada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, sendo acompanhado pelos ministros dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, das Relações Exteriores, Téte António, da Cultura e Turismo, Filipe Silvino de Pina Zau. Na comitiva estiveram ainda os secretários de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Custódio Vieira Lopes, e para Aviação Civil, Marítima e Portuário, Emílio Londa.
O vice-governador do Banco Nacional de Angola, o presidente da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações, o presidente da Sonangol, o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão de Ativos e Participação dos Estado e o presidente da Agência Nacional de Petróleo e Gás integraram também a comitiva.