Angola pretende a construção de alicerce para criação de uma maior sinergia e aproximação entre o país e os Estados Unidos da América, segundo avançou esta semana o ministro das Relações Exteriores, Téte António, num webinar sobre o Legado da Escravidão para os Africanos e Afro-Americanos.
Na actividade que visou celebrar o 402º aniversário da chegada dos primeiros escravos africanos aos EUA, Téte António manifestou o interesse de Angola em uma “cooperação estreita e aprofundada” em áreas que considera serem chave, tais como a da agroindústria, educação, saúde, turismo, serviços.
No evento, que decorreu no formato virtual e presencial a partir de Luanda e Washington, o Governo angolano e a Câmara de Comércio dos EUA em Angola convergiram no pensamento da existência da necessidade de “reconectar” o continente africano com o americano para sarar o passado trágico da escravatura.
Na ocasião, o diretor executivo da Câmara de Comércio dos EUA no país, Neil Breslin, enfatizou também que uma maior aproximação entre os dois países pode abrir oportunidades para investidores americanos em Angola.
Neil Breslin recordou que existem estudos que mostram que até 25% dos americanos que se identificam como descendentes de africanos, podem ser potencialmente de Angola e que, assim, o número de americanos com raízes angolanas pode chegar a 12 milhões de pessoas.
na sua intervenção no evento, o ministro angolano da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, lembrou que o comércio de escravos, “maior tragédia da história da humanidade, pela sua duração, amplitude, crueldade e acentuada exploração”, foi iniciado nos EUA em 1619, com a chegada forçada de 20 angolanos à localidade de Jamestown, na Virgínia.
Na óptica de Jomo Fortunato, as relações diplomáticas entre Angola e EUA ainda não exploraram aspetos histórico-culturais que unem os dois povos e países, há quatro séculos, e advoga uma “ampla divulgação e promoção” dos mesmos. “A cooperação bilateral, sobretudo entre instituições culturais e de investigação científica, afigura-se importante”, sublinhou o governante.
Já o professor Fernando Manuel, docente da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores, considerou que a chegada dos primeiros 20 angolanos aos EUA foi um “tesouro guardado há muito tempo a sete chaves, agora descoberto graças à aproximação” entre os dois países.