A República de Angola celebra hoje, 11 de Novembro, o 47º aniversário da independência nacional, com indicadores de retoma do crescimento económico, depois de cinco anos consecutivos de recessão.
Em 2021, Angola saiu de uma recessão económica que vinha registando desde 2016, com o Produto Interno Bruto (PIB) do país a crescer 0,8%, segundo o Banco Mundial (BM), que aponta o fim das restrições relacionadas com a Covid-19, o impacto defasado das reformas macroeconómicas, e os esforços do Governo para diversificar a economia, como principais impulsionadores do crescimento não petrolífero, sobretudo na agricultura e nos serviços. “Isto mais do que compensou uma nova contracção do sector petrolífero, pondo fim ao longo ciclo de recessão do país”, aponta o BM.
De acordo com a instituição financeira internacional, o ímpeto económico positivo continuou em 2022, com a economia a crescer 2,6% no primeiro trimestre, numa base anual. Os principais motores, indica, foram um aumento dos níveis de produção petrolífera, bem como a continuação do forte desempenho dos sectores não petrolíferos.
O PIB de Angola cresceu 3,6% no segundo trimestre em relação ao período homólogo de 2021 e acelerou 0,5% face ao crescimento registado no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os dados oficiais do INE angolano, os quais registam um crescimento acumulado de 3,2% no primeiro semestre deste ano.
Como resultado dos elevados preços do petróleo, avança o Banco Mundial, Angola vive condições macroeconómicas favoráveis, tais como um elevado nível de reservas internacionais líquidas, exportações, e receitas fiscais, uma moeda em fortalecimento, e um declínio da dívida pública para o PIB. A instituição refere ainda que, com esta dinâmica, a despesa pública recuperou no primeiro trimestre do ano em curso, face ao período homólogo de 2021, nomeadamente em bens e serviços e investimentos.
Apesar disto, o BM considera que “as cicatrizes do choque da Covid-19 e a longa recessão – o PIB diminuiu em 10,2% entre 2016 e 2020 – continuam evidentes. “Cerca de um terço da população vive na pobreza, enfrentando um elevado desemprego e um custo de vida crescente. A inflação alimentar manteve-se elevada a 24% numa base anual em Julho de 2022, embora estivesse a diminuir, quando comparado com 31,6% no ano anterior”, sustenta o banco, que projecta um crescimento económico médio de cerca de 3% nos próximos anos, com um maior crescimento não-petrolífero a compensar um declínio estrutural da produção petrolífera.
O cenário de recessão económica com que Angola se deparava desde 2016 – ano em que registou uma contração do PIB de 2,6% – foi invertido no final de 2021, com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 0,7% pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola. Ainda assim, o valor fica abaixo dos 0,9% registados em 2015.
Quem também confirma a tendência de crescimento de Angola é o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, numa análise à economia angolana, publicada em jeito de contexto do programa de ajustamento, aponta a excessiva dependência do sector petrolífero como uma fragilidade do país que importa corrigir, “para alcançar um crescimento sustentável e inclusivo”. Apesar disto, aquele organismo de Bretton Woods estima para o ano em curso um crescimento do PIB de cerca de 3%, sendo que, a médio prazo, pode vir a atingir 4%.
A estabilização do preço do petróleo e o aumento das exportações não-petrolíferas são apontadas como as principais razões da recuperação económica. No relatório referente a 2021, o INE atribui mesmo a variação positiva, principalmente às atividades de Agropecuária e Silvicultura, com 5,1%; Pescas, com 46,4%; Diamantes, com 10,4%, Indústria Transformadora, com 0,6%; Eletricidade e Água, com 1,8%; Comércio, com 13,5%; Transporte e Armazenagem, com 28,9%; Correios e Telecomunicações, com 1,4%; Administração Pública, com 2,6%; e Serviços Imobiliário e Aluguer, com 3%”.
Dados disponíveis dão ainda conta que as exportações do país cresceram, em 2021, para 28 mil milhões de dólares, assim como a produção interna, que subiu 40,7 para 42,5 mil milhões.
Mas optimista está o Banco de Fomento Angola (BFA), embora tenha revisto em baixa as estimativas de crescimento do PIB para 2022 e também para o próximo ano. Segundo o gabinete de estudos de um dos maiores bancos do mercado, Angola este ano cresce para um valor acima de 4%, estimando um abrandamento em 2023 para entre 2% e 3%.
“Estamos a rever a nossa perspetiva de crescimento do PIB em ligeira baixa, esperando, ainda assim, uma subida seguramente acima dos 4%”, disse à Lusa o economista-chefe do banco, José Miguel Cerdeira, no seguimento da nota de análise sobre a evolução do PIB no segundo trimestre.
Em Maio, o BFA previa que o PIB de Angola crescesse entre 5,2% e 5,7% este ano, o que seria o ritmo de crescimento mais elevado desde 2012, quando a economia angolana cresceu 8,5%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o país da África lusófona cresça 2,9% este ano, em linha com a previsão oficial do Governo, que ronda os 3%.
Angolanos abordam independência do país
Numa altura em que Angola celebra os 47 anos desde que se viu livre do colonialismo português, cidadãos ouvidos pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, falam do significado da independência.
Para Vera Daves de Sousa, ministra das Finanças do país, a liberdade tem um valor incalculável para todo ser que respira. A governante dá, por isso, honra e glória a todas e todos que deram pouco ou muito de si para que essa liberdade hoje fosse vivida pelos angolanos como sendo um dado adquirido.
“Que nos acostumemos a ela, mas que nunca nos esqueçamos que houve quem lutasse e até perdesse a vida por ela e para o bem de todos. A nossa missão, hoje, e para sempre, é honrar esse legado de sacrifício e patriotismo. Não fazendo nada mais nada menos do que o nosso melhor por essa Angola que tanto amamos, que nos viu nascer e para a qual todos somos chamados a edificar, tornando, assim, real o sonho de todos nós. Viva a nossa independência, viva Angola!”, enfatizou a ministra das Finanças, em declarações exclusivas à FORBES.
No entender do secretário para as Actividades Culturais da União dos Escritores Angolanos (UEA), Ras Nguimba Ngola, era interessante que ao longo desses anos, o país tivesse conquistado a independência económica e cultural, para ter a sua identificação cultural própria e deixar para atrás os padrões globais. “Queremos uma Angola mais democrática e transparente para a construção de uma nação verdadeira, onde exista coesão entre as etnias de diversas regiões”, disse.
Por sua vez, Adriana Dias, presidente conselho de administração da Central Privada de Informação de Crédito – BUREAU, vê uma Angola com imensos desafios pela frente, mas também de muitas oportunidades de desenvolvimento económico e social, que permitirão proporcionar um nível de vida bom para todos os angolanos.
Acima de tudo, considera a gestora, o país está numa fase em que se pode implementar um conjunto de inovações que irão contribuir para a criação de um ambiente de negócios ainda melhor para as empresas que actuam na economia de Angola ou que estejam interessadas em fazer investimentos internamente.
Já a directora administrativa da Premium-k, empresa de mediação em imobiliário de alto padrão no país, Alberta Almeida, reconhece haver um certo desenvolvimento em diversos sectores sociais, referindo que, “antes, Angola era um país muito fechado, mas que, nesta altura, a sua economia precisa crescer mais para justificar a riqueza que tem”.
Alberto Oliveira, director-geral da Imo Oliveira – Perito Avaliador Imobiliário, diz-se orgulhoso com a Angola actual e perspectiva que 2023 será um ano animador para economia nacional, tendo acrescentado ser fundamental o Governo tomar decisões auscultado e sensibilizando a população.
Quem também falou à FORBES sobre o 47º aniversário da independência de Angola foi o gestor da área de património da empresa TAA África Angola, Rogério Gonçalves, para quem a conquista [da independência] trouxe vários benefícios, destacando entre eles, nos últimos naos, a atracção de mais investimentos para as infra-estruturas e uma certa dinamização do turismo.
“O processo de independência é contínuo, porque nós estamos a lutar para a independência financeira. Sabe-se que Angola depende muito do exterior em termos económicos e tecnológicos. Nós estamos com uma economia totalmente frágil”, observou, Rogério Gonçalves.