Completa-se hoje, 11 de Novembro de 2023, 48 anos desde que António Agostinho Neto, primeiro presidente do país e fundador da Nação proclamou a independência de Angola da colonização portuguesa. De lá para cá, muitas foram as transformações que o país vem sofrendo em vários domínios.
Logo após a proclamação da independência, o país esteve envolvido num conflito armado que opôs duas forças políticas e durou quase trinta anos. Entretanto, com a conquista da paz, em 2002, Angola começou a trilhar os caminhos do desenvolvimento, tendo estado, até 2010, entre as economias que mais cresciam no mundo.
Com o calar das armas, o Governo deu início a um amplo programa de reconstrução nacional, tendo sido reabilitadas e construídas várias infra-estruturas, com realce para estradas, caminhos-de-ferro, escolas e hospitais, portos e aeroportos. Mas o bom momento económico da época e o boom do petróleo, não terá sido aproveitado para libertar o país da dependência quase que exclusiva do petróleo – o que põe Angola bastante vulnerável a choques externos – e potenciar sectores que concorressem para a diversificação da sua matriz económica.
Depois de momentos áureos e com a queda acentuada do preço do barril de petróleo – principal produto de exportação do país e fonte de arrecadação de divisas – nos mercados internacionais, a partir do segundo trimestre de 2014, agravada com a proibição pela Reserva Federal norte-americana de venda de dólares ao país, através de correspondentes bancários, Angola mergulhou numa grave crise que levou a quebra das Reservas Internacionais Líquidas, hiperinflação e à consecutivas recessões económicas.
Em 2020, quando a economia apresentava sinais de retoma, veio a pandemia da Covid-19 complicar as contas, mas, ainda assim, em 2021 Angola pós fim há cerca de seis anos seguidos de recessão, registando um crescimento económico de 1,2%, após uma contração de 5,4% em 2020, sendo que no ano passado [2022] se continuo a passada ascendente para 3%, muito por conta da recuperação do preço do petróleo a nível do mundo.
A recente retirada dos subsídios do Estado à gasolina, com reflexos na subida da inflação, empurrou ainda mais um bom número de cidadãos à indigência.
Entretanto, em 2023, ano em que o país celebra o seu 48.º aniversário desde que se tornou numa Nação independente, as coisas complicaram-se outra vez e Angola volta a estar mergulhada numa profunda crise cambial, caracterizada pela desvalorização sem precedentes da moeda nacional, o kwanza, acima dos 40% – com 1 USD a valer hoje mais de 827 kz no mercado oficial – e consequente perda do poder de compra da população, com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a colocarem a inflação, em Setembro último, nos 15,01%, dado contestado, no entanto, por muitos economistas, que apontam para níveis mais altos.
A recente retirada dos subsídios do Estado à gasolina, com reflexos na subida da inflação, empurrou ainda mais um bom número de cidadãos à indigência. A condição social das pessoas degrada-se a cada dia, com os contentores de lixo a serem a fonte de alimentação de muitas famílias, em vários centros urbanos, com destaque para a capital do país, Luanda. O número de mendigos pelas várias artérias do país cresce a cada dia, um claro sinal de desespero dos cidadãos.
O Governo anunciou, em Julho último, e vem pondo em prática aquilo a que chamou de “medidas de emergência de curto e médio prazo”, com o objectivo de permitir que o sector privado exerça um papel “mais relevante”, em todo o processo de crescimento económico nacional para atenuar as condições de vida das populações. Cerca de quatro meses depois, os resultados tardam a chegar e a ideia generalizada é de que “as coisas vão de mal a pior”.
“Temos tudo para ser uma terra de oportunidades para todos“
Sob o lema “11 de Novembro: Unidos pelo Desenvolvimento de Angola”, a província da Lunda Sul, na região leste, acolhe neste Sábado o acto central comemorativo dos 48 anos de independência do país, em cerimónia orientada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida.
Na ocasião, o governante afirmou que “Angola tem tudo para ser uma terra de oportunidades para todos”, onde cada angolano pode realizar o seu sonho.
Adão de Almeida defendeu a necessidade de se continuar a investir numa sociedade de valores e de princípios, onde o bem comum “esteja acima dos interesses dos indivíduos que protegem o património público, respeitam os poderes democraticamente instituídos, em que se promove a boa gestão da coisa pública e se combate com firmeza a corrupção”.
“Angola que estamos a construir para as actuais e futuras gerações é também uma pátria solidária que não deixa ninguém para atrás, que promove e valoriza o papel da mulher e capaz de assegurar a inclusão e o bem-estar dos mais vulneráveis”, sublinhou o ministro de Estado.
Em Luanda, o dia foi marcado com o hastear da “Bandeira Monumento”, no Museu Nacional de História Militar. Ainda na capital angolana o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, depositou uma coroa de flores, no Largo da Independência, “em homenagem aos heróis da independência”.