O luxo não está na riqueza e na ostentação, mas sim na ausência de vulgaridade”. A afirmação é da icónica Coco Chanel e a filosofia aplica-se à marca de luxo portuguesa Âme Moi.
Os pendentes com crina natural de cavalo e o interior em pele vermelha são a imagem de marca das malas da empresa de Vila Nova de Famalicão. Detalhes pensados ao pormenor pelos fundadores, Alberto Gomes e Margarida
Jácome, que pretendem fazer a ligação directa à Âme Moi mas também ao mundo do hipismo. Sendo uma marca inspirada no meio hípico, os amantes de equitação podem personalizar o pendente com a crina natural do seu cavalo.
Pormenores que fizeram a marca cavalgar além-fronteiras, conquistando clientes em vários países. Uma corrida que tem sido feita sem qualquer referência à marca no produto.
A ausência de logótipo é intencional, pretende demarcar-se de outras marcas de luxo como a Louis Vuitton. O objectivo é ser reconhecida pela crina de cavalo e pelo forro em pele vermelha.
Uma cor seleccionada pelos fundadores não por causa da famosa sola vermelha dos sapatos Louboutin, mas por ser a cor do sangue que corre nas veias. “O nosso interior também é vermelho”, sustenta Alberto, adiantando que a rainha Letízia e as actrizes Angelina Jolie e Juliette Binoche são algumas das figuras públicas que já receberam de oferta uma Âme Moi.
Em breve, Jennifer Gates, filha de Bill Gates e uma das grandes promessas internacionais do hipismo, também vai ser surpreendida com uma mala portuguesa personalizada com a crina do seu cavalo.
Personalizar o luxo
A primeira colecção da Âme Moi foi para as lojas em 2013, mas não em território nacional. Para a marca galopar no segmento de luxo, optaram por produzir só malas com metais preciosos.
Todos os detalhes, incluindo os fechos, eram de ouro ou prata. E algumas das malas em pele de crocodilo, tendo sido colocadas à venda por 23 mil euros. A mais barata custava 3500 euros. Tendo em conta estes valores, optaram por arrancar a sua actividade no Golfo Pérsico. “Achámos que o mercado lá tinha outra apetência”, refere Alberto.
Porém, nesta prova de saltos depararam-se com um obstáculo para o qual na altura ainda não estavam preparados. “Na mesma loja que o Emir e os Xeiques costumavam frequentar, tínhamos uma mala nossa ao lado de uma Dior que também custava 23 mil euros”, desabafa Alberto, acrescentando que o peso da grife francesa venceu. “Mas, pelo menos, tivemos esta ousadia”, atira.
Este contratempo não desanimou os fundadores da Âme Moi, que continuam a acreditar que Portugal pode competir no mercado de luxo. Este episódio simplesmente levou-os a perceber que tinham de dar um passo atrás.
E assim foi. Alberto e Margarida optaram por lançar colecções não tão exuberantes, com os preços médios a rondar os 600 euros e acrescentar ao seu portefólio de serviços a hipótese de encomendas de malas personalizadas com todos os detalhes luxuosos que as clientes quiserem.
Hoje, as malas Âme Moi estão à venda em Portugal na Loja das Meias, nas retalhistas Harrods e na Selfridges, em Londres, e num showroom em Paris. Os espaços físicos valem 80% das vendas que no ano passado superaram as 418 unidades, mais 17% face a 2016. Agora, o objectivo passa por expandir a sua presença a mais geografias e reforçar o peso do online onde está presente, além do site próprio, na Minty Square e na Farfetch.