Gisela Chimoio, aluna de 16 anos de uma escola da cidade da Beira, centro de Moçambique, cansou-se de ver assaltos às casas dos vizinhos e criou um sensor electrónico que agora vai instalar pela comunidade.
“Têm acontecido muitos roubos. Os ladrões chegam numa residência, arrombam a porta, roubam os bens de casa, sem que as pessoas se apercebam”, explicou a aluna da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, autora deste sensor electrónico que alerta para movimentos estranhos nas residências da sua comunidade, o Bairro da Manga, na Beira.
Trajada com o seu uniforme escolar, ladeada do professor de química e responsável pela área de ciência e tecnologia naquela escola, Gisela conta que avançou com este projecto para tentar “minimizar” o problema dos assaltos.
“Funciona com a presença das pessoas. Accionam a campainha e vai tocar. O sensor do movimento monta-se na área que se quer proteger”, detalhou, acrescentando: “Então, qualquer movimento que se passar na área da campainha vai tocar e aí você pode acordar. Você pode ligar para a polícia ou intervir e não chega a acontecer este roubo”.
A direcção da escola pretende apoiar na produção de mais dispositivos idênticos e planeia igualmente fazer o registo do sensor electrónico criado pela estudante, para protecção de propriedade intelectual.
Orgulhosa, Gisela conta que levou dois dias para criar aquele aparelho, que por sinal foi o mais apreciado e solicitado na feira distrital de ciência e tecnologia, que se realizou recentemente na cidade da Beira, com projectos de alunos de escolas de toda a província de Sofala.
Admite tratar-se do primeiro projecto que passa do papel à realidade, mas espera criar outros, semelhantes, nos próximos tempos, face à procura por este sensor que funciona como alarme.
“Na feira distrital muita gente elogiou e pediu para montar, mas também para comprar”, atirou.
Com objectivo de fomentar o gosto pela ciência, as escolas têm selecionado crianças para desenvolver projectos a favor da comunidade, tal como o de Gisela, como explica o seu professor, Humberto Salingo Estevão: “O objectivo é criar para comunidade, identificar problemas e procurar soluções”.
O professor de química naquela escola, segundo a Lusa, assume a satisfação pela visibilidade alcançada pelo projecto de Gisela: “Sentimo-nos elogiados e satisfeitos com isto porque, na verdade, o nosso trabalho se faz sentir ao nível exterior. Então, são trabalhos que fazemos e depois tem estes resultados e isto já mostra a qualidade de ensino que nós temos ao nível interno e o esforço que nós estamos a fazer para o desenvolver”.