Um desembolso de 25 milhões de dólares da Aker Solutions, companhia angolana do sector de prestação de serviço à indústria petrolífera, foi aplicado na construção do primeiro centro de alta tecnologia da África subsaariana para testes e manutenção de equipamentos subaquáticos para plataformas de produção de petróleo.
Inaugurado na manhã da última Quarta-feira, 10 de Novembro, na capital angolana, Luanda, o empreendimento de mais de 20 milhões de dólares terá, entre outras funções, a de reforçar a capacidade de empresas locais na prestação de serviços técnicos e especializados ao sector de petróleo e gás no país.
A estrutura compõe ainda uma câmara de testes hiperbárica, uma tecnologia de última geração, que coloca Angola, segundo os donos do negócio, à frente em relação aos países produtores de petróleo na região e assegura que o equipamento subaquático para produção de petróleo deixe de ser reparado no exterior, visando a redução de custos, do prazo da reparação e da devolução dos equipamentos, bem como a expansão da capacidade da indústria petrolífera angolana a nível de capital humano e tecnológico.
O investimento privado foi realizado pela Aker Solutions Enterprises (AKSEL), uma joint venture de direito angolano que resulta da fusão de interesses entre a empresa norueguesa, Aker Solutions (49%), e a empresa angolana Prodiaman Oil Services (51%).
Em entrevista à FORBES, o chairmam da AKSEL, Pedro Godinho, acrescentou que o novo empreendimento irá permitir que operações complexas sejam realizadas no país e não mais no exterior. Por outro lado, destacou que o projecto dará a Angola a vantagem competitiva diante dos países da região produtores de petróleo.
“Acreditamos que o surgimento deste centro tecnológico seja uma contribuição modesta daquilo que Angola muito necessita, ser capaz de explorar os seus recursos naturais e humanos e pô-los à disposição do desenvolvimento sustentável do país garantindo assim a tão almejada independência económica”, afirmou o gestor.
Também em declarações à FORBES, o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, garantiu que a inauguração deste centro “significa a transferência efetiva de tecnologia de fora para o nosso país” e que o projecto “irá facilitar” não só a transferência de conhecimento para quadros nacionais, mas também a realização efectiva de algumas actividades que eram feitas fora do país e daqui por diante passam a ser feitas no país.
“Alguns equipamentos subaquáticos que para serem testados tinham que ser enviados para fora do país, e que muitas vezes levavam até seis meses, agora com a execução destes trabalhos de manutenção em Angola todo este processo poderá ser feito em duas, ou quatro semanas”, esclareceu o secretário de Estado.
5 milhões de dólares investidos para o conhecimento
Pedro Godinho destacou ainda durante o seu discurso, no acto de inauguração do primeiro centro de alta tecnologia da África subsaariana, que, em relação à transferência de conhecimentos e aos princípios de responsabilidade social corporativa, foram investidos 5 milhões de dólares para a recuperação de três laboratórios da faculdade de engenharia da Universidade Agostinho Neto.
“Este investimento é mais um papel importante e o nosso contributo para o aumento das capacidades da qualidade de ensino e da formação desta instituição, permitindo que os formandos estejam melhor preparados pra enfrentar os desafios do mercado de trabalho”, justificou.
Godinho salienta que apesar da crise vivida desde 2014 no sector petrolífero, acrescido com os constrangimentos provocados pela pandemia da COVID-19, “a construção deste centro de alta tecnologia só foi possível graças ao empenho de ambas as empresas comprometidas em contribuir para o desenvolvimento socioeconómico de Angola”.
O empresário diz acreditar que Angola tem tudo para constar na lista dos países mais desenvolvidos do mundo. “Isto é possível, vamos acreditar, desde que sejam sempre garantidas a maximização do conhecimento, a transferência de tecnologia e o melhoramento do ambiente de negócio com o objectivo de atrair mais investimentos”, finalizou.