A partir do dia 17 de Julho, o processo de embalamento de alguns produtos da cesta básica no país como o açúcar, arroz, farinha de trigo e de milho, feijão, leite em pó, óleo alimentar, racção animal, sal grosso e sal refinado, sêmola de trigo, carne de porco e de vaca, margarinas e sabão passarão a ser feitos no país, em cumprimento ao decreto executivo nº 63/21 de 17 de Março.
José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), considera que a medida vem tarde, pois, no seu entender, se a mesma fosse implementada muito antes, o estado da economia nacional seria diferente. “São 20 anos perdidos de transferências cambiais, que deveriam ter sido investidos no país, por formas a criar mais emprego e custos competitivos”, refere.
Para o líder associativo, que falava à imprensa no final de um encontro promovido pelo Ministério da Indústria e Comércio, que serviu para esclarecer os jornalistas sobre as novas regras de produtos pré-embalados, ao abrigo do Decreto Executivo 63/21, é preciso reduzir os custos com a importação de produtos embalados. Segundo Severino, sem os custos de competitividade interna para defender legitimamente, a produção nacional atinge taxas aduaneiras na ordem de 60%.
“Portanto, é preciso reduzir os custos de transferência, os custos daquilo que podemos fazer e que hoje está a ser feito lá fora, porque a cadeia logística dos produtores dos campos de arroz, até chegar cá, passa por uma série de processos”, defendeu.
O arroz das grandes produtoras, advoga o presidente da AIA, deve vir directamente para aqui sem necessidade de andar para as cadeias de transferências, ou seja, “isto é, colocar no carro, levar para quem vai embalar, depois de embalar chegar ao porto”. Este processo, acrescenta, traduz-se na imobilização de cambiais das aberturas de crédito.
José Severino lembrou igualmente que em anos anteriores o detergente de marca OMO, por exemplo, era mais barato importado a granel e embalado aqui, uma vez que na altura o país possuía uma indústria que fabricava embalagens, mas “como não se permitiu que esse processo continuasse, foi retirada a taxa sobre as embalagens, o que levou ao encerramento de várias unidades fabris no país pelo simples facto de que não se queria a indústria de enchentes”.
País tem cerca de 15 empresas de embalamento
O líder da Associação Industrial de Angola avançou que, actualmente, existem no país entre 12 a 15 empresas de embalamento e enchimento, tendo enfatizado que uma das maiores unidades do género tem mais de 20 anos no mercado.
Ainda assim, José Severino considerou que este número de empresas [de embalamento e enchimento] ainda é insuficiente para se iniciar a embalar a grosso dentro de aproximadamente 90 dias, prazo estabelecido decreto executivo nº63/21.
Aconselhou, por isso, os empresários no sentido de se unirem para que, neste processo, não fiquem para traz neste processo. “Por exemplo, se existem 30 ou 40 importadores de arroz que pertencem a mesma associação, podem criar uma empresa que possa embalar os produtos para todos”, sugeriu.