O economista Marlino Sambongue defendeu que África precisa apostar numa industrialização que “dê oportunidade para que as indústrias de concepção e de produção de tecnologias, como o caso dos chips, sejam instaladas aqui e que tenham proprietários africanos”, apontou, reforçando que só assim, estaremos próximos do passo seguinte.
Um caminho que é mais ou menos parecido ao que já foi feito por outros países, nomeadamente asiaticos, defendeu Marlino Sambomgue, que disse que para tal “é necessário apostar fortemente numa educação que capacite verdadeiramente os africanos para os desafios do futuro como o desenvolvimento e utilização da inteligência artificial, computação quântica, semicondutores e apostar em instituições económicas e financeiras inovadoras que abram espaço para a industrialização que queremos”.
Dado esse passo, Sambongue entende que poderemos exportar conhecimento naquilo que produzirmos e sermos donos do nosso destino neste século de grandes incertezas.
Apesar de na visão do economista não estar tudo a ser feito como devia ser, o continente que tem 54 países deve registar um crescimento económico superior ao resto do mundo nos próximos dois anos. Um crescimento superior às médias globais projetadas de 2,7% e 3,2%, como apontou o Banco Africano de Desenvolvimento no relatório sobre o Desempenho e Perspetivas Macroeconómicas para a região, divulgado recentemente em Abidjan.
Alia-se a isso o forte potencial demográfico, com uma população actual de mais de 1,4 mil milhões de habitantes, com forte pendor de crescimento. Item que tem a Nigéria à cabeça, como o maior em termos de população.
Estas condições levam a que os maiores investidores do mundo olhem para África como sendo o futuro, aliás, há já estudos que apontam o continente como sendo aquele onde ainda vai acontecer a maior revolução tecnológica, pelo que, já há uma espécie de recomendação para que os investimentos nesse segmento sejam feitos.
Acresce a isso, que a indústria automóvel também já percebeu que o futuro do mercado automóvel passa por África. Isso foi mesmo apontado pelo director comercial da Volkswagen, para a região da África Subsaariana, Vinesh Ramchander, que disse à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA que não há futuro no mercado automóvel sem incluir África nas contas.
Mas apesar do potencial, o continente se debate com vários problemas que empatam o seu verdadeiro desenvolvimento, já que tarde em afirmar-se e confirmar todo o potencial. Mas pode ao mesmo tempo beneficiar de uma conjuntura mundial “que é nova” para todos, defendeu o economista Marlino Sambongue, que começou por dizer que o mundo está a passar por várias transições e uma delas é o seu modelo de desenvolvimento económico. “Este modelo de desenvolvimento baseado na economia do conhecimento, ainda embrionário nos países desenvolvidos, pode ser uma oportunidade para África se quisermos ser donos do nosso próprio destino no século XXI”.