A região da África Ocidental fechou os 12 meses do ano passado a registar um agravamento de 3% nos níveis de pobreza extrema da sua população, de acordo com um relatório conjunto desenvolvido em parceria com o Escritório Sub-regional para a África Ocidental da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).
O estudo conclui que, em 2021, a proporção de pessoas que vivem com menos de 1,90 dólares por dia aumentou de 2,3% em 2020 para 2,9% em 2021.
“O endividamento dos países da região também aumentou em um contexto marcado por uma lenta recuperação económica, redução do espaço fiscal e fraca mobilização de recursos”, aponta o estudo.
Na base do agravamento das condições económicas e sociais das famílias africanas daquela região, estão os efeitos das medidas de barreira contra a pandemia, nomeadamente o fecho de fronteiras, restrições de circulação e a perturbação das cadeias de abastecimento.
Todas essas medidas, refere o pesquisa, tiveram um impacto negativo nas actividades geradoras de renda e levaram a preços mais altos dos alimentos nos mercados. Aliás, o próprio estudo aponta que “os mais afectados são aqueles que dependem de fontes de renda instáveis, como pequenos comerciantes, vendedores ambulantes e trabalhadores informais.
“Esta deterioração da situação económica teve um impacto negativo na segurança alimentar e nutricional das mulheres, homens e crianças”, precisou o documento, citado pelo Expresso das Ilhas, de Cabo Verde.
Segundo ainda o estudo, mais de 25 milhões de pessoas na África Ocidental não conseguem suprir suas necessidades alimentares básicas na região, um aumento de 34% em relação a 2020. Este quadro piora se a análise for incluída as zonas afectadas por conflitos como a Bacia do Lago Chade, Liptako-Gourma e o Sahel, o que pressiona, conforme o estudo, as famílias a vender seus bens e meios de subsistência para atender às suas necessidades alimentares.
“A crise de saúde do coronavírus aniquilou particularmente as conquistas na luta contra a insegurança alimentar e a desnutrição feitas pela CEDEAO e seus Estados Membros”, disse Sekou Sangare, comissário responsável pela Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Comissão da CEDEAO.
A publicação do relatório acontece num contexto marcado por uma economia regional ainda “frágil e insuficientemente dinâmica” para permitir às famílias recuperar a sua situação de bem-estar social e económico antes da crise.
Por sua vez, o director regional do PAM considera que o mesmo vai permitir que os actores públicos e privados forneçam respostas adequadas e resolutas às consequências nocivas da pandemia de covid-19 na vida das populações da África Ocidental.