O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, defendeu, há dias, que a prosperidade de África não deve continuar a depender das exportações de matérias-primas, mas de produtos acabados e de valor acrescentado.
No seu discurso lido pela vice-presidente interina do Banco Africano de Desenvolvimento para o Desenvolvimento Regional, Integração e Prestação de Serviços, Marie-Laure Akin-Olugbade, durante a Cimeira Extraordinária da União Africana sobre Industrialização e Diversificação Económica, realizada no Niger, Akinwumi Adesina observou que as zonas de comércio livre tinham trazido prosperidade a nível mundial, não através do comércio de produtos de baixo valor, mas pela produção industrial.
“Em toda a África, precisamos de transformar os grãos de cacau em chocolate, o algodão em têxteis e vestuário, os grãos de café em café confeccionado, lembrando que o BAD estava a investir 25 mil milhões de dólares para transformar o sector agrícola do continente e desbloquear o mercado do agronegócio, que deverá atingir o valor de 1 bilião de dólares até 2030”, refere Akinwumi Adesina, num comunicado sobre o encontro enviado à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
O líder do Banco Africano de Desenvolvimento observou que África tem uma abundância de recursos naturais, petróleo, gás, minerais e metais, bem como uma vasta economia azul que precisa de ser rapidamente industrializada. O futuro dos automóveis eléctricos no mundo, segundo garantiu, depende de África, dados os seus vastos depósitos de recursos minerais raros, incluindo lítio e ião, cobalto, níquel e cobre.
“A dimensão do mercado de veículos eléctricos foi estimada em 7 mil milhões de dólares até 2030 e 46 mil milhões de dólares até 2050. A construção de instalações precursoras de baterias de lítio e ião em África custará três vezes menos do que noutras partes do mundo”, projectou Adesina.
Lançado Índice Industrial de África
No mesmo encontro, o Banco Africano de Desenvolvimento, a União Africana, e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial lançaram o primeiro Índice Industrial Africano.
O relatório conjunto mostrou que 37 dos 52 países africanos se industrializaram ao longo dos últimos 11 anos. O estudo fornece uma avaliação a nível nacional dos progressos realizados pelos 52 países africanos, com base em 19 indicadores-chave.
Os 19 indicadores do índice abrangem o desempenho da indústria transformadora, capital, trabalho, ambiente empresarial, infra-estrutura e estabilidade macroeconómica. O índice classifica também o nível de industrialização dos países africanos ao longo de várias dimensões, como capital, dotações de mão-de-obra e instituições.
A África do Sul tem mantido uma classificação muito elevada ao longo do período entre 2010 e 2021, seguida de perto por Marrocos, que está em segundo lugar em 2022. Egipto, Tunísia, Maurícias e Essuatíni completam os seis primeiros lugares durante o período.
Durante a cimeira, os Chefes de Estado também reviram o ritmo de operacionalização da Área de Comércio Livre Continental Africana, que entrou em vigor em Janeiro de 2021, bem como as suas ligações à industrialização.