O Governo da África do Sul anunciou o encerramento do principal posto fronteiriço com Moçambique, apelando aos empresários que suspenderam temporariamente o transporte de mercadorias pela via. A medida surge numa tentativa de mitigar as condições críticas enfrentadas pelos motoristas de veículos pesados.
“Este é realmente um apelo que gostaria de fazer aqueles que estão envolvidos na mineração. Por favor, atrasem os camiões nas vossas minas”, afirmou a ministra sul-africana dos Transportes, Barbara Creecy, em conferência de imprensa. O governante sublinhou que as filas de camiões do lado sul-africano da fronteira já atingiram 20 quilómetros.
Barbara Creecy descreveu a situação como “desumana”, sublinhando a ausência de instalações sanitárias, água e alimentos para os motoristas retidos ao longo da estrada.
“A situação dos motoristas é insustentável. As autoridades moçambicanas abriram esta manhã o posto fronteiriço para permitir a passagem de camiões vazios e veículos de passageiros para a África do Sul, mas nenhum veículo de carga foi autorizado a cruzar desde a manhã de ontem”, referiu o ministro.
Impacto económico e protestos em Moçambique
A principal fronteira em Komatipoort, na província de Mpumalanga, tem sofrido incidentes recorrentes nos últimos dois meses, atribuídos aos protestos pós-eleitorais em Moçambique. Estes protestos, desencadeados pela vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) nas eleições gerais de 9 de outubro, foram gerados de forma significativa.
Segundo a Lusa, a Associação de Transportes Rodoviários da África do Sul (RFA) estima que os atrasos no movimento de carga para o porto de Maputo tenham provocado prejuízos de cerca de 5 mil milhões de rands (aproximadamente 266,2 milhões de euros) para os operadores sul- africanos.
O Departamento de Transportes da África do Sul, em colaboração com a Agência de Transportes Rodoviários Transfronteiriços (C-BRTA) e as forças policiais, está a trabalhar para gerir uma crise. “Estamos um esforço conjunto para responder a esta situação terrível”, garantiu Barbara Creecy.
O encerramento da fronteira reflete não apenas os desafios logísticos, mas também uma necessidade urgente de soluções para os problemas políticos e sociais em Moçambique, que têm repercussões significativas na região.