O acesso a vacina tem sido para África uma dor de cabeça e um assunto muito debatido nos encontros que nas últimas semanas tem reunido chefes de Estado do continente. Apesar dos esforços concebidos até aqui, “África administrou pouco mais de 31 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, ou seja, 2% do total global. Isto está longe de ser suficiente”, considerou o director-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O responsável que falava nesta Quinta-feira no evento Ibrahim Governance Weekend 2021, promovido pela Fundação Mo Ibrahim e que decorre no formato digital até Sábado, 5, defende ainda que África deve deixar de depender da importação de vacinas contra a Covid-19 e desenvolver capacidade de produção interna, não só de imunizantes, como de outros produtos médicos.
No evento, Ghebreyesus referiu também que África não pode contar apenas com a importação de vacinas do resto do mundo, mas que deve construir essa capacidade, não só para as vacinas anti Covid-19, mas para outras vacinas e produtos médicos.
Países ricos criam monopólio
Na abertura do certame, o presidente da Fundação Mo Ibrahim acusou os países ricos de terem criado um monopólio sobre as vacinas contra a covid-19, violando a ideia de que “ninguém está seguro até todos estarem seguros”.
O empresário sudanês disse estar “optimista” sobre o futuro e manifestou esperança no desenvolvimento de planos de recuperação da pandemia causada pelo novo coronavírus e na redefinição dos modelos de crescimento em África. “Precisamos de um novo modelo (…) que crie emprego, [que seja] equitativo, sustentável e verde”, defendeu.
O evento reúne políticos, especialistas e activistas da sociedade civil que debatem o impacto da pandemia COVID-19 em África e o caminho para a recuperação.
Além de Tedros Adhanom Ghebreyesus, entre os oradores estão o secretário-geral da ONU, António Guterres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.