O problema da pobreza extrema em Angola “vai além da realidade estatística” apresentada pelas autoridades, sobretudo para os que vivem em áreas recônditas, revela um estudo sobre a execução do programa governamental de combate à pobreza, elaborado pela Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA).
O inquérito, apresentado nesta Terça-feira, 04, avaliou a execução do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP) nos municípios de Cacuso (província de Malanje), Bailundo (província do Huambo) e Ganda (província de Benguela).
A pesquisa concluído que o problema da pobreza extrema “é ainda mais forte do que se imagina, uma vez que vai além da realidade estatística frequentemente apresentada pelo INE [Instituto Nacional de Estatística]”.
Os inqueridos pela ADRA consideram “preocupante” a intensidade da pobreza. “Os angolanos, em particular os que vivem em áreas mais recônditas, sentem a pobreza e sentem-na numa proporção asfixiante”, refere a investigação.
O inquérito conclui ainda que o PIDLCP “foi ineficaz” na promoção da educação e também na melhoria da qualidade dos serviços de saúde, recomendando, por isso, o aumento da verba para a merenda escolar e distribuição regular para dirimir o problema da desistência escolar.
Quanto à saúde, a recomendação vai no sentido de se construir um hospital de médio porte em cada comuna, com acesso a ambulância e uma logística que supra as necessidades dos cidadãos.
No que toca à fome e aos níveis de desnutrição crónica registados, devido à depressão da actividade agrícola, tendo como efeitos o êxodo rural das famílias à procura de outras áreas agricultáveis, os inquiridos pretendem que o Governo invista na agricultura e os ajude a cultivar.
O diretor da Unidade de Projetos e Desenvolvimento da ADRA, Abílio Sanjaia, afirmou à margem da apresentação do estudo, realizado no âmbito da implementação do seu plano estratégico 2018-2022 de monitorização às contas públicas, que a pesquisa teve como objectivo central analisar até que ponto o PIDLCP está a contribuir para a erradicação da pobreza nas zonas rurais”.