Actividade humana entre as causas da extinção do lagarto-gigante de Cabo Verde

O Centro de Investigação de Biodiversidade e Recursos Genéticos desenvolveu um estudo com a Universidade do Porto que concluiu que o lagarto-gigante de Cabo Verde pode estar extinto devido a um conjunto de factores ambientais e actividade humana, ligados com o uso excessivo de recursos. Num comunicado, os investigadores argumentam que o estudo recorreu a…
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Conclusão resulta de um estudo realizado pelo Centro de Investigação de Biodiversidade e Recursos Genéticos e representa um passo para o conhecimento do papel nos ecossistemas da espécie já extinta.
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O Centro de Investigação de Biodiversidade e Recursos Genéticos desenvolveu um estudo com a Universidade do Porto que concluiu que o lagarto-gigante de Cabo Verde pode estar extinto devido a um conjunto de factores ambientais e actividade humana, ligados com o uso excessivo de recursos.

Num comunicado, os investigadores argumentam que o estudo recorreu a métodos moleculares de sequenciação de alto rendimento – “raramente explorados para estudar a ecologia de espécies já extintas” – que permitiram analisar os conteúdos do estômago e intestino de três espécimes de lagarto-gigante. 

Quanto à dieta desta espécie, os especialistas identificaram parasitas do género ‘Tachygonetria’, o que sugere que as plantas eram importantes recursos alimentares.

A coordenadora do estudo, Raquel Vasconcelos, que enfatiza a necessidade de desenvolver planos de conservação holísticos para espécies insulares ameaçadas, esclarece que a abordagem genética usada “também identificou plantas e, adicionalmente, invertebrados, apoiando a hipótese de uma dieta generalista do lagarto”. 

Entretanto, do mesmo modo, para os autores do estudo, a ausência de vertebrados nos conteúdos digestivos “pode indicar o declínio das aves marinhas nas ilhas Desertas de Cabo Verde”, notando que tal pode ter “contribuído para a debilitação do lagarto-gigante, já infligido pela perseguição e secas intensas”. 

“Esta investigação de espécimes de museu é frequentemente a única maneira de desvendar informações sobre espécies que se extinguiram recentemente, salienta o centro, acrescentando que estes exemplares ajudam a revelar as ameaças e características da espécie relacionadas com o desaparecimento e desenhar medidas de conservação”, segundo a Lusa.

De todo o processo investigativo desencadeado pelo Centro da Universidade do Porto, participaram o Museu Oceanográfico do Mónaco, de História Natural de Paris e da Universidade de Valência.

Pedro Mbinza 

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