“O meu percurso é um pouco surreal, falar dos meus sonhos e objectivos é realmente gratificante. Como africano quero contribuir para um futuro melhor para as gerações vindouras do continente. Mas, como se sabe não basta querer, é necessário arriscar, lutar, trabalhar, para alcançar os objectivos pretendidos.
Sou um africano, de Angola e de Cabo Verde, que gosta de desenvolver e fazer as coisas acontecerem. Profissionalmente já passei por várias indústrias e descobri que o que gosto é de desenvolver coisas e pô-las a andar.
Acredito no potencial do jovem africano, é tudo uma questão de oportunidades, digo com alguma frequência que também eu sou um produto da oportunidade, alguém acreditou em mim e no meu potencial. No entanto, ser jovem e ter uma visão de onde se quer chegar na estrutura da empresa em que se faz parte é de se valorizar, desde que se trabalhe de forma honesta investindo na própria capacitação e desempenho para atingir bons resultados na performance laboral.
Os jovens devem ser sim estimulados para o seu crescimento dentro de uma estrutura empresarial e o bom líder é aquele que realmente faz isso com excelência, pois trata-se de um processo de perpetuar toda uma visão que se teve bem lá atrás na criação de qualquer empresa, pois são eles, os jovens que passarão para frente nas próximas eras essa mesma visão.
Temos de pôr em mente que há sempre constrangimentos em qualquer actividade. Para se continuar é necessário disciplina, rigor, perseverança, resiliência, determinação, mesmo sabendo que o caminho para grandes realizações nem sempre é fácil.
O que mais me move como cidadão da África lusófona, é conhecer as diferentes dificuldades que as comunidades têm ou enfrentam, e saber que existe o potencial dentro delas mesmas para se ultrapassar estas mesmas dificuldades, na maior parte das vezes o que falta é a partilha de informação e de conhecimento para um desenvolvimento sustentável.
O empreendedorismo está na veia familiar, sou irmão da Nadir Tati e de mais 3 irmãos activos como gestores e empreendedores em vários ramos de actividades no continente africano e não só. Acredito que a educação´ que nos foi proporcionada pelos nossos pais tenha sido a ferramenta principal para a veia do Empreendedorismo, e a busca de soluções para o nosso continente em particular.
Entretanto, neste momento as minhas ambições enquanto empresário é fazer bem o que já tenho em mãos e continuar a contribuir para o desenvolvimento do meu continente. A minha perspectiva para 2023 é continuar a trabalhar…
Sou formado em eletrotecnia e pilotagem, mas a minha experiência profissional passa pelo shipping, pelo trading e Marketing com as marcas Heineken, Amstel e The Coca-Cola Company, passa pelo sector Imobiliário (Escom), e também pela indústria petrolífera ou Oïl & Gás (GE).
Entro na MOL MY OWN LABEL Ltd resultado de uma oportunidade que surgiu a determinada altura. Investi nas marcas portuguesas PELCOR E CORKY inicialmente como sócio com um investimento de 3 milhões de euros, e pouco tempo depois tornei-me o único proprietário ficando a gestão e liderança sob a minha responsabilidade.
Abracei o projecto porque sempre reconheci a cortiça como potencial matéria-prima de futuro em diversos ramos, desde moda ao lar, bem-estar e desporto. Desde que assumi as rédeas, em 2016, os desafios internos e externos da empresa e indústria foram e continuam a ser grandes, mas temos sobrevivido. Apesar de ter entrado como investidor para uma empresa que já existia há mais de 10 anos, ela foi reposicionada, e continua a fazer o seu percurso de afirmação como marca e agora a nível Global.
O principal objectivo que tracei quando assumi o cargo foi tornar a marca PELCOR visível e reconhecida a nível Global, com as suas características e valores. Como muitas outras marcas ou empresas globais tivemos um push back muito grande com a Pandemia da covid-19 e a crise global. Temos muitos projectos que tiveram de ser adiados a nível de produção e lançamento, tendo em conta as restrições na parte da produção no mercado asiático, tivemos de encerrar a nossa Loja física no Príncipe Real em Lisboa e direcionar as actividades para o e-commerce e fazer a distribuição pela via de parceiros retalhistas”.
Este pitch faz parte integrante da edição 8 da Forbes África Lusófona.