A fábrica de cervejas da Sodiba – Sociedade de Bebidas de Angola, localizada na zona do Bom Jesus, passou a ser gerida, desde o início deste mês, pela Refriango – empresa especializada na produção e distribuição de refrigerantes, sumos, águas, bebidas energéticas e alcoólicas –, à luz de um contrato de gestão e exploração assinado em Março último entre as partes, válido por dez anos.
Sabe-se que o contrato garante à Sodiba – uma das empresas de Isabel dos Santos arrestadas em Dezembro de 2019, por determinação do Tribunal Provincial de Luanda – autonomia financeira e comercial, cabendo apenas a sua nova gestora assegurar a produção da Luandina [marca própria da Sodiba] e, possivelmente, da Sagres [da Central de Cervejas de Portugal, controlada pela Heineken].
Segundo informações avançadas por Diogo Caldas, director-geral da Refriango, a mais conhecida unidade de negócio do grupo Nuvi, o acordo foi feito com o parecer das autoridades angolanas [Procuradoria-Geral da República, Ministério da Economia e Planeamento e do Ministério da Indústria e Comércio] e com o consentimento dos bancos credores da SODIBA, entretanto, não identificados.
Espera-se com o referido contrato aliviar o valor alto da dívida que a Sodiba tem com os bancos, garantir que a fábrica de Bom Jesus não se torne insolvente e preservar os cerca de 300 empregos. “Todos os recursos humanos passam definitivamente para a Refriango, ou seja, todos os postos de trabalho estão assegurados pela Refriango”, garantiu à Rádio Nacional de Angola o CEO.
A Refriango, diz Diogo Caldas, vê no acordo uma oportunidade para aumentar a sua capacidade industrial de enchimento, sem necessidade de serem feitos novos investimentos. “Vamos conseguir manter a nossa fábrica a produzir e manter também uma fábrica que é recente, com apenas cinco anos de existência, em contínua produção”, enfatizou o gestor.
A Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola foi constituída em Outubro de 2013 e iniciou a construção da sua fábrica, no Bom Jesus, em 2014. Segundo se sabe, o arresto decretado à Sodiba comprometeu o plano de negócios da empresa, que previa a injecção, no primeiro trimestre do ano passado, de 1,5 mil milhões de kwanzas, essencialmente para compra de matéria-prima.
Há mais de duas décadas no mercado, a Refriango, com um portfólio acima de uma dezena de marcas, detém uma das maiores unidades industriais do continente africano, com 42 hectares, 28 linhas de enchimento e uma capacidade de produção actual de mais de 2.300 milhões de litros por ano, empregando directamente mais de 2.000 pessoas.