Ana Costa assumiu o cargo de administradora-executiva da Protteja Seguros há cerca de seis meses. Em entrevista à FORBES a gestora garante que, desde que tomou o comando, a empresa vem registando crescimento, em linha com as estratégias definidas. De acordo coma a gestora, no primeiro trimestre do ano em curso a seguradora registou um grau de concretização, nas áreas de retalho e grandes negócios na ordem dos 83% e 86%, respectivamente.
Há cerca de seis como administradora-executiva da Protteja, como caracteriza o actual momento da empresa, comparando com a altura em que assumiu o cargo?
A empresa registou um crescimento organizacional muito interessante, assente na criação de procedimentos e enriquecimento do capital humano, em termos de desenvolvimento de competências. Melhoramos a componente de controlo de gestão – saber gastar com qualidade, ou seja, já sabemos que a empresa terá de suportar os sinistros e indeminizações, então que os nossos clientes encontrem os melhores serviços para os satisfazer.
A administração definiu uma estratégia empresarial que visa o aceleramento do crescimento e desenvolvimento da seguradora. Que passos já foram dados ou estão a ser dados para que se atinja esta meta?
A nossa aposta de alavancagem empresarial assenta na proximidade e no estreito relacionamento com os nossos mediadores, agentes e correctores, bem como na disponibilização de uma agência online que esteja disponível para os nossos clientes e parceiros, 365 dias por ano, onde podem tratar do registo do seu sinistro, da renovação da sua apólice ou mesmo da celebração de uma nova.
Com base naquilo que projectam, onde esperam ver a empresa nos próximos cinco anos?
A nossa visão é posicionarmo-nos entres as Top 5 do mercado, como uma seguradora de referência no mercado, através da oferta de produtos inovadores, serviços de excelência e liderança nas soluções de protceção das pessoas e bens, contribuindo deste modo para melhoria da qualidade de vida dos clientes e parceiros.
Que balanço pode fazer da actividade da empresa no ano passado e ao longo do primeiro trimestre de 2021, em termos de facturação, prémios de seguros, entre outros?
Apesar de 2020 ter sido um ano adverso, a companhia registou níveis de performance muito interessantes. A nível dos objectivos e dos prémios brutos emitidos registou-se um crescimento de 56% comparativamente a 2019. Para o primeiro trimestre de 2021, continuamos na mesma trajectória de crescimento, tendo registado um grau de concretização, nas áreas de retalho e grandes negócios de 83% e 86%, respectivamente, face aos objectivos definidos.
Em quanto estará avaliada a carteira de investimentos da Protteja?
Os activos financeiros que representam os investimentos e provisões técnicas registaram um crescimento de 70%, suportados essencialmente pela valorização dos títulos indexados e um reforço a nível das aplicações junto da banca comercial. A data, a carteira de investimentos ronda a volta de 5 mil milhões de kwanzas o que deverá crescer ao longo de 2021, com a inscrição de alguns activos que não foram possíveis de serem registados no ano de 2020.
A seguradora tem estado a abrir novas agências, em diferentes províncias do país. Quantas agências têm hoje espalhadas por Angola e quantos trabalhadores emprega?
A Protteja está a expandir a sua actividade por duas vias distintas. Primeiro, fez-se um acordo com os Correios de Angola, que permitiu ter representações da nossa seguradora em todas as estações de correio, onde o cliente poderá tratar de todos os assuntos. Segundo, trata-se da expansão directa, ou seja, as nossas próprias agências. Em Fevereiro abrimos a Agência do Lubango, brevemente abriremos a de N’Dalatando e, posteriormente, ainda este ano, a do Huambo. Simultaneamente, estamos a finalizar a criação da agência online, que revolucionará a nossa interação com os nossos clientes e parceiros de negócio.
Quantos novos postos de trabalho criaram com a abertura das novas agências?
Com a abertura das novas agências e as por abrir ao longo deste ano, projecta-se um total de 12 postos de trabalho directos e 6 indiretos.
A Covid-19 obrigou as empresas a investirem e explorarem mais as ferramentas tecnológicas. A Protteja sentiu a mesma necessidade? No que tem que ver com a inovação tecnológica, o que é que a empresa acrescentou ao mercado?
Num ano atípico, caracterizado pela pandemia da Covid-19, a Protteja Seguros rapidamente teve de criar condições para garantir a continuidade do negócio e garantir a proximidade e satisfação dos seus clientes, apesar das medidas de confinamento.
Mas o que é que foi feito de concreto neste sentido?
Lançamos o projecto ‘ConnectAPP’, que é uma aplicação de venda de seguros em massa, via smartphone. Através desta plataforma, os nossos clientes podem subscrever aos seguros de saúde, automóvel e viagens. Adiccionalmente, foi implementado o sistema de pagamentos por referência, permitindo assim que o cliente Protteja, através do ConnectApp e Call Center, possam fazer os pagamentos através do ATM convencional, internet banking ou ainda Multicaixa Express.
Dos produtos de seguro que oferecem, quais são os que garantem à Protteja maior rentabilidade?
Os ramos saúde, petroquímica, acidentes de trabalho e automóvel continuam a ser os mais expressivos da companhia. Sendo que o ramo saúde representa aproximadamente 70% da carteira de negócios da Protteja Seguros SA.
Tencionam criar novos produtos de seguros?
Sim. Em sintonia com aquilo que é o contexto económico adverso que vivemos, percebemos a necessidade de se criar soluções à medida, que possam ser ajustadas às necessidades dos nossos clientes. Neste sentido, criamos o Micro Seguro Auto e Saúde, cujo objectivo é o de garantir protecção da população de baixa renda, contra perigos específicos, em troca de pagamentos regulares de prémios proporcionais à probabilidade e custos do risco envolvido. Em fase muita avançada encontra-se também desenvolvido o Micro seguro agrícola.
E sobre os principais clientes…
Em termos de representatividade da carteira, as entidades privadas representam um peso de 60%, particulares 24% e instituições publicas 10%.
Qual é a vossa quota de mercado e quais são os planos de médio e longo prazo da companhia?
A nossa quota de mercado, segundo as estatísticas da ASAN – Associação das Seguradoras Angolanas, é de 2,58% o que representa um aumento de 0,51%, comparativamente ao período de 2019. A contribuir para este crescimento destacam-se os ramos saúde, acidentes de trabalho, automóvel e multirriscos.
O rácio de penetração do sector dos seguros em Angola ainda é muito baixo. De que forma a Protteja pensa explorar isto?
A taxa de penetração dos seguros (Prémios/PIB) manteve-se a um nível muito baixo. Verificou-se um ligeiro crescimento em 2020 (de 0,60% em 2019 para 0,73 no ano passado) como consequência duma evolução percentual do volume de prêmios emitidos pelas operadoras no geral. Acreditamos que com uma melhoria dos indicadores económicos, o sector terá um ano menos desafiante, apesar do forte grau de incerteza que existe em relação a evolução da Pandemia. Todavia, com a introdução dos produtos de massificação que estamos a disponibilizar e os esforços das outras operadoras do mercado, antecipamos uma melhoria na evolução da taxa de penetração.
Não acha que há pouca divulgação no país sobre os produtos de seguro?
Sim. Deixa-me dizer que a acção pedagógica sobre implementação da cultura e literacia de seguros, coadjuvada com o apoio do Estado na regulamentação dos seguros obrigatórios, permitirão uma maior massificação e concomitantemente um crescimento dos actuais indicadores.