“Nem sempre é fácil falar de lusofonia do ponto de vista de economia e negócio, quando do ponto de vista emocional, dos laços culturais e afectivos que nos ligam é bem mais fácil. Quando vamos à China, aos Estados Unidos e à Europa, ao Extremo Oriente e ao Médio Oriente, quando falamos de lusofonia poucos olham para nós como fenómeno de economia e finanças”, palavras de N’Gunu Tiny , fundador da Forbes África Lusófona (FAL) durante a abertura do Executive Brunch, em Luanda, com o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves.
O empresário lançou dois alertas numa manhã de Doing Business que reuniu parceiros angolanos e caboverdianos para discutir, num mesmo espaço e ao mais alto nível, o presente e o futuro: “Do ponto de vista da energia, dos 9 países da lusofonia, só um não produz ou explora petróleo que é Cabo Verde e, no entanto, a lusofonia, nunca se assume como um bloco de poder energético”. Recordou ainda que aquando da pandemia da covid-19, o mundo foi chamado para uma realidade que pouco se olhava, “mais de 80% das trocas comerciais são marítimas, ou seja, feitas por mar, assegurando que na lusofonia só um país, o Brasil, não tem a sua capital com acesso directo ao mar, mas a lusofonia não se apresenta como um bloco de economia azul”. Oportunidades que não devem ser descuradas e que estão na génese do lançamento da Forbes África Lusófona há dois anos, enquanto veículo de informação privilegiada e que visa “unir uma marca internacional forte que pudesse criar uma plataforma e pontes vindo da lusofonia para nos mostrarmos ao mundo, e também dentro de casa, aquilo que de positivo e de bem feito se faz ao nível da gestão do conhecimento económico e social e a nível do empreendedorismo”.
“É isto que estamos aqui a fazer hoje uma ponte entre gestores, empreendedores ao nível da economia e economia política, mas de uma forma responsável aberta e Win-Win”, elucidou o chairman da FAL que reitera a importância de se fazer a diferença naquilo que designa como o software do Doing Business, uma vez que no hardware, “nós humanos por mais criativos, por mais força empreendedora que possamos ter, não conseguimos mudar o mundo, tem a ver com clima, tem a ver com o território e tem a ver com os recursos naturais, isso são coisas que a natureza por si só nos dá”.
E como é que se atrai investimento com o software?
“Em primeiro lugar com uma boa governança, não apenas do Estado, mas também nas empresas, com a promoção de boas práticas e democracia, inclusão social, um conjunto de regras que possam atrair capital, criando valor não apenas para o accionista, para quem coloca o seu capital em risco, mas também dar algum retorno para a sociedade e é isso que nós pretendemos fazer para Cabo Verde”.
Uma nota final sobre a Media Nove, “um grupo de comunicação que constituímos no ano passado, o primeiro grupo de comunicação social com uma abrangência. Não só a nossa presença nos 9 países da lusofonia, mas também em todo mundo onde existam comunidades que falam a língua portuguesa. Temos quatro temas que olhamos do ponto de vista vertical ou horizontal como queiram analisar: transição energética, transição digital, inovação social e economia azul”, rematou N’Gunu Tiny.