“A luta continua”. A frase que serviu de grito, em 1975, para a Frente de Libertação de Moçambique na luta pela independência foi repetida, no seu melhor português, pelo ativista sul-africano dos direitos humanos e da paz, Siyabulela Mandela, durante a conversa com a Forbes à margem da edição de 2022 da Web Summit. O nome Mandela não é uma mera coincidência de apelido do diretor para o continente africano da canadiana Journalists for Human Rights. Siyabulela. É o bisneto do eterno líder e antigo Presidente sul-africano que lutou contra o racismo e a segregação racial, Nelson Mandela. E partilha a luta pelos direitos humanos em África.
O ativista esteve em Lisboa, onde foi orador na Web Summit e deixou um desejo: um dia ser secretário-geral das Nações Unidas.
A luta que Siyabulela Mandela, que tinha apenas um ano quando o bisavô foi distinguido com o Nobel da Paz, continua é pela defesa dos direitos humanos, contra os conflitos violentos que persistem em África e agora também na Europa e pelo fim das injustiças sociais. A luta continua para, nas palavras do representante da Journalists for Human Rights, se conquistar “uma sociedade em África e no mundo mais democrática, inclusiva e equitativa”.
Uma luta que vai beber ao legado deixado pelo bisavô Nelson Mandela que contribuiu para o movimento de libertação na África do Sul, assim como, para o desenvolvimento do processo de paz no continente africano.
Perante a provocação se o ativismo está no seu ADN desde que nasceu, diz com humildade que: “Não posso dizer que está no meu ADN desde que nasci. Mas posso dizer que devido ao legado da família Mandela é algo que me foi incutido, já que, cresci numa família altamente política”. A par desde legado da família Mandela, Siyabulela Mandela refere que também “o percurso académico na área das relações Internacionais fizeram com que o tema do ativismo esteja presente na minha vida. É algo que me foi incutido não só pelo legado da família, mas também pelo percurso académico”. O ativista de 30 anos é doutor em Relações Internacionais e Resolução de Conflitos pela Universidade Nelson Mandela.
Sobre se o apelido Mandela lhe abre ou fecha portas, o ativista garante que: “O nome carrega um legado que representa tudo o que é conhecido como a luta pela justiça social, direitos humanos, a reconciliação pela paz. É isto que este legado significa e é isso que o nome representa. Acredito que quando as pessoas olham para mim e veem o meu trabalho reconhecem que, provavelmente, tenho seguido os passos certos e tenho contribuído para a continuação desse legado”. Ao mesmo tempo, salienta que, por vezes, “poderá fechar portas em certos espaços porque, por exemplo, num país como a África do Sul onde o governo é tão corrupto não quererão ter alguém com este nome por perto porque sabem o que ele representa e sabem que é o oposto do que eles defendem. Nesse sentido fecha portas”.
Mas conclui que, na maior parte dos casos, as pessoas têm muito respeito pelo legado que o nome Mandela carrega e também pelo trabalho e pela vida do meu bisavô. Sou muito afortunado por ter vindo desta família e também por contribuir à minha maneira para esse legado”.
Pode ler a história na íntegra na edição de Dezembro de 2022/Janeiro de 2023 da FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.