Talvez se avizinhe uma crise económica no horizonte, mas Joana Vasconcelos parece estar tranquila. “Em épocas em que havia uma grande crise, vendi. Tenho-me conseguido manter porque os meus preços não são muito altos. E como a minha produção não é enorme, não consegui ser ‘consumida’ pelo mercado”, garante à FORBES aquela que é uma das artistas portuguesas mais bem-sucedidas da actualidade, figurando em 3.º lugar no ranking publicado pela FORBES, com dados da Artnet, dos artistas portugueses que conseguiram maiores valores de venda nos mercados leiloeiros internacionais.
Joana é também uma mulher de negócios e isso nota-se na forma como a peça “I’m Your Mirror”, que dá o nome à exposição do Museu Guggenheim de Bilbau e que está patente na Fundação de Serralves até dia 24 de Junho, dia de São João, é uma das mais icónicas da artista. Uma série de espelhos com molduras em bronze compõem uma máscara veneziana com uma altura de 3,5 metros e largura de 6,8 metros. Está ainda na posse de Joana, mas já tem etiqueta de preço na ordem dos milhares de euros.
A peça “I’m Your Mirror”, que dá o nome à exposição patente em Serralves, é uma das mais icónicas da artista e já tem etiqueta de preço na ordem dos milhares de euros.
Os artistas precisam de viver e, muitos deles, de alimentar uma máquina já significativa. É o artista-empresa, já descolado da ideia romântica do artista pintor ou escultor, com uma obra que nascia exclusivamente das suas mãos, dependente de um mecenas (com sorte) ou a viver de forma precária com o fruto das suas vendas. Um artista, hoje, não se resume a pensar só na sua abordagem criativa. Também tem de ter o engenho de saber jogar com as diferentes forças de um mercado muitas vezes opaco e impiedoso, mas também extremamente poderoso.
Joana fala abertamente dos problemas e desafios com que um artista tem de viver na comercialização da sua obra, com uma noção aguda dos misteriosos equilíbrios entre a oferta e a procura neste sector. Arte, artistas e mercados – e um ranking dos artistas portugueses mais valiosos nos mercados internacionais – num trabalho a não perder na FORBES de Abril, já nas bancas.