Em Setembro, a Portugal Ventures (PV) deu um pequeno passo na longa caminhada que a espera nos próximos anos. O “braço” público do capital de risco em Portugal fechou o FIEP, um fundo de private equity criado em 2004 com uma dotação de 60 milhões de euros para financiar a internacionalização das empresas portuguesas. “Pela primeira vez na história da PV, conseguimos fechar um fundo”, diz Rita Marques à FORBES.
Criada em 2012, no âmbito no âmbito de uma reorganização e reestruturação do sector de capital de risco do Estado, que resultou na incorporação por fusão das sociedades de capital de risco AICEP e Turismo Capital, a PV assumiu nos últimos anos um papel de destaque no financiamento do ecossistema nacional de empreendedorismo.
Através de participações directas e indirectas, investiu em 93 empresas e realizou 84 reforços de investimento num montante total de 121 milhões de euros, valor que somado à herança das duas empresas que incorporou, originou uma carteira de investimentos no valor de 244,5 milhões de euros – 40 milhões em participações directas e o restante através de 18 fundos de capital de risco.
No total são 105 empresas participadas, dez em private equity e as restantes em venture capital, uma quantidade que a torna no maior operador nacional de capital venture, mas também numa empresa difícil de gerir e realizar o necessário acompanhamento das start-ups que financia. “Investimos muito e com baixos tickets – valores de investimento – quando não havia agentes que o fizessem, mas agora já há uma rede de business angels disponíveis para investir até 100/150 mil euros”, diz Rita Marques, justificando a necessidade de uma nova estratégia.
Até há cerca de uma década, os bancos eram os principais catalisadores do mercado de capital de risco. Os actuais 13,2% de quota de mercado da Caixa Capital, o braço de capital de risco da Caixa Geral de Depósitos, são ainda um reflexo do peso do sector no mercado de capital de risco.
“Pela primeira vez na história da Portugal Ventures conseguimos fechar um fundo”, diz a líder Rita Marques à FORBES.
Segundo dados da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em 2009, o venture capital, sub-classe de activos de capital de risco direccionado para o financiamento de empresas em fase inicial de desenvolvimento que, por sua vez, se subdivide em seed, start-up e early stage capital, representava apenas 7,7% do mercado total de capital de risco.
A restante parte era direcionada para o private equity, capital dedicado ao investimento em empresas já maduras com o objectivo de as reestruturar ou internacionalizar. É esta modalidade que ainda hoje faz da sociedade de capital de risco ECS Capital a líder incontestada do mercado com uma quota de 27%.
Com os constrangimentos originados pela crise financeira, os bancos viram-se obrigados a vender activos não estratégicos. Neste bolo estava o segmento de venture capital, que fez com que muitos abandonassem o mercado que, já pela dimensão, era incipiente. O lado inverso desta equação foi garantido pelo Estado, numa tentativa de colmatar uma falha do mercado. “Os governos recentes têm sido positivos no sentido de tentar ajudar o ecossistema”, diz Stephan Morais, adiantando que desde o governo de José Sócrates que existem políticas públicas pró start-up.
Na área do investimento, o co-fundador da recém-criada sociedade de capital de risco Indico Capital Partners salienta mesmo a importância da PV. “Até 2012, havia a ES Ventures e a Caixa Capital e depois a PV, que veio dar um crescimento interessante ao ecossistema, não da forma correcta a meu ver, mas trouxe dinheiro ao mercado”, diz.
Entre 2012 e 2016, a PV foi responsável por cerca de um terço do investimento nacional em venture capital. Mas, para o co-fundador da Indico Capital Partners, o livro “Boulevard of Broken Dreams”, da autoria de Josh Lemer, ilustra bem como todos os Estados que decidiram ser actores no venture capital falharam sistematicamente. “Fazer venture capital é mais ciência do que arte.
É como fazer operações ao cérebro: não basta achar piada para começar a fazer”, explica. Apesar da importância do venture capital público para a alimentação do ecossistema de start-ups, a participação do Estado no sector não é bem vista aos olhos dos operadores privados. “Em lado algum o Estado fez bem venture capital”, defende Joaquim Sérvulo Rodrigues, sócio da Armilar Venture Partners, uma sociedade de capital de risco que resultou do spin-off da Espírito Santo Ventures do Novo Banco (ex-Banco Espírito Santo).
A inexistência de know-how, geradora de potenciais más avaliações e decisões de investimento, a pressão política para investir e a resistência ao desinvestimento, muitas vezes para não passar para a opinião pública a sensação de que se está a desbaratar dinheiro dos contribuintes, são alguns dos motivos do falhanço quase generalizado do venture capital público a nível mundial. “Talvez Israel seja a única excepção”, sublinha Stephan Morais.
E é esse mesmo exemplo que Rita tem no horizonte. “Mas eles começaram na década de 50 do século passado e nós temos seis anos”, defende, dando a entender que a PV, como empresa, está numa fase de aprendizagem.
Muita parra, pouca uva
Rita Marques chegou à PV em Abril com um currículo académico e de gestão pública notável, mas sem nunca ter investido em start-ups. “Fui muitas vezes assediada para criar uma empresa e convidada a investir em projectos, mas nunca tive essa audácia”, explica.
Tem, porém, experiência acumulada no desempenho de funções na Universidade do Porto ao leme da gestão dos fundos destinados a projectos de investigação e mais tarde como directora executiva dos MBA da Porto Business School, que vai usar nas decisões que tiver de tomar em conjunto com os restantes membros do conselho de administração e com os accionistas. E isso pressupõe também alterações na gestão dos fundos da PV.
Após anos a seguir uma estratégia de investimento que no jargão do sector é chamada de “spray and pray” – espalhar e rezar, Rita Marques quer “continuar a investir, mas melhor”. No mundo do investimento, os resultados são o principal sinal de sucesso e a PV não tem muito para apresentar.
Segundo o relatório de contas da sociedade, no final de 2017 apenas dois dos fundos de capital de risco geridos registavam taxas internas de rendibilidade positivas desde o início da actividade, apresentando uma perda global potencial de 52 milhões de euros – e, na carteira de investimentos detidos directamente pela PV, a perda potencial ascendia a 6 milhões de euros. “Não são resultados positivos”, reconhece a responsável da PV. “Temos vindo a copiar e a melhorar as boas práticas internacionais, mas temos de fazer melhor”, admite.
Numa primeira etapa, Rita Marques terá pela frente uma tarefa ingrata. Até ao final do mandato irá encerrar 12 dos 17 fundos geridos pela empresa, “todos com mais de dez participadas”, diz, enfatizando a árdua tarefa que tem pela frente.
Normalmente, um fundo de capital de risco tem uma maturidade de 10 anos, em que os cinco primeiros são de investimento e os segundos de desinvestimento, mas, no final de 2017, a PV tinha apenas dois na primeira fase. Os restantes somavam uma idade entre os 6 e os 23 anos.
Para Stephan de Morais, da última década resultaram entre 10 a 12 start-ups dignas do nome e com potencial para chegar a unicórnio.
No venture capital, os resultados medem-se pelos exits – saída do investidor –, e pelos múltiplos – valores de venda das participações -–, que para serem considerados bem-sucedidos devem ser várias vezes superiores ao valor investido. Porém, neste campo, a PV tem pouco mais de uma mão cheia de empresas para citar e menos ainda com o sucesso desejado.
O melhor foi mesmo o da OutSystems, em 2016, resultante de um investimento feito em 2005 pelo fundo INOV Capital. Dos restantes, Rita Marques sublinha apenas o da Lymphact, uma biofarmacêutica, vendida “a um múltiplo muito interessante”, diz.
Porém, esta falta de resultados não se restringe à PV. Mesmo indo mais atrás no tempo, das start-ups criadas desde o início do milénio, o ecossistema nacional conta apenas com três unicórnicos – empresas avaliadas em mais de um milhão de dólares (cerca de 900 mil euros): a Farfecth, a OutSystems e a Talkdesk – e pouco mais de duas dezenas de exits, muitos deles sem que todos os investidores anteriores tenham ganho dinheiro.
Para Rita Marques, os empreendedores ainda não têm a percepção de que é necessário “pensar global”. Já para Stephan Morais, muitas da start-ups nascidas nos últimos anos não fazem justiça ao conceito.
“Uma start-up tem de solucionar um problema dez vezes melhor do que a solução existente à face da Terra”, defende, adiantado que a este critério tem de se somar “uma equipa de doutorados, ultra-especializados numa ciência, com a ambição de conquistar o mundo e a humildade para aprender a desenvolver o negócio”.
Para o especialista, da última década resultaram entre 10 a 12 start-ups dignas do nome e com potencial para chegar a unicórnio.
Dinheiro fresco
No campo do investimento, o avanço no passado recente do ecossistema é notório. De acordo com a CMVM, em 2016, o volume de investimento realizado pelas sociedades de capital de risco em venture capital ascendia a 697 milhões de euros.
Embora este valor represente uma diminuição face ao ano anterior, é o triplo do investimento realizado em 2009. Destaque para o investimento aplicado na fase seed, onde o dinheiro aplicado aumentou 8,5 vezes e o número de participadas, 7,5 vezes.
Na base destes números está o aumento de 50% no número de business angels, uma evolução que dá força à tese de Rita Marques quando defende uma mudança de estratégia para a empresa, pois “dinheiro já não é uma questão pertinente nesta altura”, afirma, referindo-se às políticas que dotaram os privados de capacidade de investimento. “O Estado tem feito um bom trabalho na promoção e no estímulo à criação de business angels e fundos de investimento”, diz Pedro Falcão sócio e co-fundador da LC Ventures, uma sociedade gestora de capital de risco criada em 2016.
No ano passado, a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) lançou uma linha de financiamento de entidades veículo de business angels dividida em dois concursos, e uma outra a fundos de capital de risco.
Ambas em regime de co-financiamento onde o financiamento através de fundos estruturais podia variar entre 40% e 65% do valor dos veículos criados, e entre 40% e 50%, no caso dos fundos. Às linhas para entidades veículo – business angels – registaram-se 161 candidaturas, das quais foram seleccionadas 97 que irão receber cerca de 36 milhões de euros, à medida que forem investindo.
Já a linha de financiamento para fundos, dotada de 98 milhões de euros, teve 26 propostas, das quais resultaram a formalização de 15 acordos de financiamento.
Em 2016, o volume de investimento realizado pelas sociedades de capital de risco em venture capital ascendia a 697 milhões de euros.
Só com estes dois instrumentos, serão injectados no mercado de venture capital 143 milhões de euros oriundos de fundos estruturais, um valor que poderá duplicar com a participação dos investidores privados, e que terá de ser investido até 2019. “Foi um processo complexo, mas permitiu a entrada de um montante relevante de dinheiro fresco no ecossistema”, admite Pedro Falcão.
A LC Ventures foi uma das galardoadas, o que lhe permitiu constituir um fundo de investimento com uma dotação de 5 milhões de euros e um veículo de investimento – uma sociedade de capital de risco que investe directamente em empresas – com uma dotação de 1,2 milhões de euros, instrumentos que se vieram juntar a um outro no valor de 5 milhões de euros composto somente por capitais privados.
Na linha direcccionada para a criação de novos fundos, foi notória a participação do corporate venture capital. A EDP Ventures e a Novabase Capital, conseguiram 30 milhões e 9 milhões de euros, respectivamente.
Embora não seja considerado venture capital puro, porque têm sempre um interesse próprio por trás de um investimento, as empresas são mais uma peça do ecossistema a aproveitar.
“São muito importantes como clientes e parceiros de negócio”, defende Stephan Morais, referindo-se ao papel das empresas nos processos de validação dos produtos criados pelas start-ups.
Nos mercados maduros, as empresas surgem como investidores directos quando as start-ups já têm um produto e vendas a atestar a aderência do mesmo.
Em Portugal é um misto, mas o número de actores é reduzido. Além da EDP e da Novabase, destaca-se a farmacêutica Hovione e a Sonae.
Esta última investe directamente, através da Sonae Capital, e indirectamente através da Bright Ventures e da Armilar Venture Partners. Mais recentemente, a Impresa, entrou também no mercado através da SIC Ventures. “Vejo sobretudo muita propaganda”, responde Joaquim Sérvulo Rodrigues, quando questionado sobre o peso do venture capital empresarial.
“As grandes empresas que investem ainda são uma excepção, mas nós estamos a fazer o trabalho de casa para os convencer a investir”, afirma, sublinhando que as empresas deviam investir através dos fundos geridos por quem se dedica a tempo inteiro ao venture capital e não entrar em aventuras, como aconteceu no início do milénio.
“Na altura da bolha quase todas as tecnológicas investiam, mas correu mal, como sabemos. A participação das empresas é cíclico”, diz o responsável da Armilar, salientando que o único caso de sucesso que ficou para a história foi o fundo Saphire, da SAP.
Salto de gigante
Em Outubro, o Governo acordou com Paddy Cosgrave a manutenção da Web Summit em Lisboa por um período que pode ir até 10 anos, justificando que o investimento anual de 11 milhões de euros gera, só em receitas fiscais, cerca de 30 milhões de euros por ano. Porém, é um investimento que tem um propósito que vai muito além de encher os hotéis, os restaurantes e os bares da capital por alguns dias.
É marketing e promoção do networking, com efeitos que surgirão nas estatísticas da CMVM e de outras organizações daqui a alguns anos. Para Pedro Rocha Vieira, líder da aceleradora de start-ups Beta-i e sócio da LC Ventures, “a Web Summit surgiu num momento bom, depois de um conjunto de empresas portuguesas ter ‘levantado’ dinheiro, e acabou por cristalizar a credibilidade e a atractividade do país”.
Mais do que trazer milhares de start-ups e oradores, a cimeira é uma reunião anual dos principais actores do ecossistema mundial, nos quais se incluem os mais importantes para um pequeno país como Portugal: os investidores.
Para Joaquim Sérvulo Rodrigues, o “Founders Summit”, um evento que reúne a elite dos empreendedores e dos venture e corporate venture capitalists a nível mundial, será porventura mais importante do que a própria Web Summit. “É uma oportunidade única de fazer contactos e mostrar o que se faz em Portugal”, diz.
Numa pequena economia com escassez de capital e de investidores profissionais, angariar capital de risco é uma aventura. “É muito difícil. Nós demoramos dois anos para conseguir o capital privado para os nossos ‘veículos’”, explica Ricardo Marvão, sócio a LC Ventures, sublinhando que é muito difícil começar uma actividade de capital de risco.
Percebe-se. Além do perfil do investidor nacional ser conservador e de serem necessários pelo menos 50 mil euros para participar num fundo de capital de risco, o nome “capital de risco” e a ausência de estatísticas sobre as rendibilidades históricas não contribuem para cativar investidores – a informação mais próxima que existe em relação aos retornos da classe de activos está no relatório anual do sector publicado pela CMVM, e é referente ao mercado total de capital de risco.
“Um fundo que não consiga render três vezes o investidor pelos participantes, não fez o trabalho de casa”, afirma Joaquim Sérvulo Rodrigues, da Armilar Venture Partners.
De acordo com o documento, em 2016, o sector encerrou o ano com os portefólios dos fundos a registar uma menos-valia média potencial de 17,3% e, segundo os dados compilados pelo regulador desde 2009, nunca fechou um ano com um ganho potencial.
As estatísticas internacionais exemplificam também a dificuldade deste tipo de investimento. Nos EUA, por exemplo, 65% das start-ups participadas por fundos de venture capital acaba liquidada, 25% é vendida por um múltiplo entre 1 e 5 vezes o valor investido, 9,5% por valores entre 5 e 50 vezes e apenas 0,4% por um múltiplo superior a 50 vezes o valor investido.
Grosso modo, só uma em cada 250 start-ups consegue um exit com o sucesso capaz de, em conjunto com as menos bem-sucedidas e com as fracassadas, permitir um retorno de três vezes o dinheiro investido pelos participantes de um fundo – a métrica de retorno aceite pelos grandes investidores mundiais. “Um fundo que não consiga render três vezes o investidor pelos participantes, não fez o trabalho de casa”, afirma Joaquim Sérvulo Rodrigues.
Ou seja, é um “jogo” só para profissionais capacitados, em conhecimento e em dinheiro. E é nesse sentido que também Rita Marques está a trabalhar. Além do encerramento dos fundos, a engenheira pretende fazer umas afinações na empresa para reforçar o papel de parceiro que a PV deve ter perante as participadas.
Uma delas é melhorar o acompanhamento das start-ups, onde a PV tem um rácio de oito empresas por especialista, um valor muito superior às cinco recomendadas pelas melhores práticas internacionais. “Temos de reorganizar o nosso portefólio de modo a melhorar a proximidade com os empreendedores”, diz.
A outra passará por uma profunda alteração da estratégia de gestão. Se nos três anos iniciais da PV o enfoque estava no financiamento de novas empresas, os últimos demostram uma viragem para reforços.
Sem contar com o dinheiro reservado para os reforços, a empresa tem este ano 28 milhões de euros para investir em novas participadas, 18 milhões para a área do turismo (nas vertentes tecnológica e convencional) e 10 milhões de euros para financiar empresas na fase de desenvolvimento do Minimal Viable Product (MVP).
Sobre esta, Rita Marques explica que é uma linha que surge após reuniões com os agentes do ecossistema e com a qual concorda. “Existe financiamento para investigação e co-promoção numa fase pré-vendas e depois para fomentar as vendas, com o Portugal 2020, mas não temos para a transformação do protótipo num produto comercializável”, defende, indicando que a PV quer preencher esta lacuna. Embora menos, a PV vai continuar a investir através de novos fundos a lançar nos próximos anos.
Até ao final do ano entrarão no mercado nacional dois fundos de venture capital que prometem marcar a história do financiamento do ecossistema nacional.
A Indico Capital Partners terá entre 40 milhões e 50 milhões de euros e a Armilar Venture Partners terá um outro com uma dotação próxima dos 60 milhões de euros, valores que não só assinalam a entrada destas sociedades numa divisão superior, como atestam a confiança Fundo Europeu de Investimento (FEI) nos especialistas destas sociedades, como na capacidade de produção do ecossistema nacional. “Foi um processo difícil”, confessa Stephan Morais, referindo-se aos critérios de selecção e diligências que o fundo fez até decidir investir.
“Analisam as nossas decisões passadas, falam com os empreendedores apoiados, questionam as decisões, apontaram erros técnicos e até definiram os salários dos gestores”, descreve.
Nesta luta pela apresentação de credenciais, a ausência de histórico foi compensada pelo trabalho de Stephan Morais na Caixa Capital e pela equipa recheada de “estrelas”, como Cristina Fonseca, co-fundadora da TalkDesk, entre outros fundadores e especialistas de investimento em venture capital.
O fundo dará enfoque e empresas em fase de desenvolvimento – early-stage – e não terá mais do que 20 posições, e será o primeiro nacional a ter capacidade para acompanhar uma start-up até rondas de financiamento mais tardias.
Mais experiente, o responsável da Armilar não estranhou as diligências do FEI, mas com um histórico de dez exits e duas dispersões em Bolsa, tudo se tornou mais fácil. “É um fundo que irá investir nas melhores oportunidades que surjam nos ecossistemas das universidades”, explica o responsável, adiantando que é de âmbito europeu, mas tem a obrigatoriedade de investir 70% do capital em Portugal.
Além do FEI, ambos os fundos têm no leque de participantes investidores nacionais e estrangeiros, o que representa um salto qualitativo no panorama do venture capital em Portugal.
Dada a capacidade de produção do mercado nacional, é provável que o FEI não participe em mais fundos nacionais de venture capital, mas é aqui que entra mais uma vez a política estatal, através da linha de financiamento “Fundo 200M”.
Dois anos após o anúncio, a gestão desta linha está agora a cargo da PME Investimentos, que deverá começar a receber candidaturas ainda este ano. A participação dos investidores estrangeiros é importante pois além de capital trazem conhecimento e experiência sem os quais é mais difícil transformar start-ups em scale-ups.
Um estudo realizado pelo acelerador Building Global Inovators (BGI) intitulado “Scaleup Portugal 2018” indica isso mesmo ao concluir que 72,6% do investimento captado pelas 25 start-ups nascidas nos últimos cinco anos é estrangeiro, daí a aposta do Estado na criação de instrumentos que atraiam actores estrangeiros para país.
Ou seja, com uma capacidade financeira nunca antes vista, uma política governamental determinada e um palco para ver e ser visto, Portugal tem as melhores condições de sempre para marcar uma posição no mundo da inovação e do empreendedorismo.