A 2.ª Conferência Internacional de Diamantes de Angola (AIDC, na sigla em inglês) prevê reunir nos dias 23 e 24 de Outubro, em Saurimo, província da Lunda Sul, perto de 250 participantes, oriundos de diversos pontos do globo, com realce para representantes de todos os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Australl (SADC).
De acordo com o secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Correa Victor, que avançou o dado em conferência de imprensa realizada há dias, em Luanda, o evento, que decorrerá sob o lema “Investir Juntos para Fazer a Diferença na Comunidade”, será precedido de um workshop sobre “avaliação e classificação de recursos minerais e reservas”, numa das unidades hoteleiras da capital angolana, no dia 21 do próximo mês, e será direccionado aos técnicos do sector para troca de ideias.
Jânio Correia Victor destacou que o lema da 2ª edição da AIDC leva a reflectir sobre a importância do subsector dos diamantes um pouco por todo o país, no desenvolvimento das mais distintas regiões locais e na aproximação com a população.
O programa do certame, explicou, prevê a abordagem de temas que têm a ver com a cadeia de valor dos diamantes, “começando com a parte genética (sobre como o diamante se forma)”, produção, extração até a comercialização. “Temos aspectos relevantes em que nos vamos focar e que não podemos deixar de lado, como a questão dos diamantes sintéticos, inovação industrial e também uma componente importante que é a responsabilidade social”, acrescentou.
Por outro lado, o responsável fez saber que a conferência visa mostrar ao mundo o potencial que Angola tem no subsector de diamantes, em particular, e dos recursos minerais, no geral, com o objectivo de atrair para o país mais interesse e investimento, bem como a troca de conhecimento e experiência entre os vários actores do mercado nacional e internacional.
“O diamante desempenha um papel muito importante na nossa economia. Ele é valioso quando o temos em mão, quando nós podemos comercializa-lo, quer em forma bruta, em forma lapidada ou em forma de joias. Para nos chegarmos à esta fase e podermos comercializá-lo nas suas diferentes vertentes, necessitamos de conhecimento, investimento e marketing”, disse.
Em face disso, prosseguiu o secretário de Estado angolamo para os Recursos Minerais, foram convidados, além das empresas nacionas, todos os “países irmãos da região da SADC” e outros países africanos, assim como vários produtores mundiais. “Teremos representações estrangeiras da Bolsa Internacional de Diamantes, da Organização Mundial de Diamantes, e dos principais players que se dedicam a esse subsector dos diamantes”, indicou.
Organização do evento “bem encaminhada”
Também presente na conferência de imprensa, Ana Feijó, administradora da Empresa de Diamantes de Angola (Endiama) – uma das firmas que lhe foi confiada a missão de organizar a AIDC, a par da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam) –, assegurou aos jornalistas que se “está no bom caminho”, em termos organizativos.
“Foram constituídas quatro subcomissões, nomeadamente a de Comunicação, Conteúdo e Protocolo; Logística e Transporte; Infra-estruturas e Finanças, bem como de Segurança, para podermos suportar todos os aspectos organizativos. Estas subcomissões estão a trabalhar arduamente para que tudo corra dentro do melhor possível”, frisou.
Relativamente à origem dos participantes, Ana Feijó reforçou que se esperam delegados de países da SADC, países membros da Associação dos Produtores de Diamantes de África (ADPA), da Europa, do Médio Oriente e do Brasil, entre vários. “Não estamos em condições de precisar agora o número de países que cá estarão, mas é certo que a conferência terá representatividade internacional”, enfatizou a administradora.
Questionado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA sobre os valores que envolvem a realização da 2.ª Conferência Internacional de Diamantes de Angola, o secretário de Estado, excusou-se a avançar números, por considerar “deselegante” e “capaz de desviar o foco” daquilo que disse pretenderem alcançar.
“Relativamente ao orçamento, sabem que uma organização deste tipo, e vejam que vai ser realizada aqui em Luanda e também em Saurimo, geralmente são números expressivos. Conhecemos a realidade do nosso país e são, de facto, números um bocado expressivos”, acentuou.
Entretanto, por ser um esforço [financeiro] da Endiama e da Sodiam, garantiu que não haverá pressão nenhuma sobre o Orçamento Geral do Estado (OGE).
A AIDC – Angola International Diamond Conference – é um evento bienal, sendo que a 1.ª edição foi realizada em Novembro de 2021, no Polo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo (Lunda Sul), o mesmo local que albergará o certame este ano.
Em jeito de balanço, Correia Victor considerou “positivo” a edição anterior, ressaltando como consequência da mesma a vinda ao país de empresas multinacionais, “inclusive algumas que já cá estavam e que tinham abandonado o país em situações menos boas”. Conforme garante, “estão de volta [as multinacionais] ao país e a fazerem neste momento trabalhos de prospecção na Lunda Norte e no Moxico, no subsector de diamantes e em outros minerais”.
O responsável reiterou que Angola é um país que se diz potencialmente rico em diamantes e que, de facto, tem no seu subsolo muito desta pedra preciosa. Entretanto, defendeu, é preciso transformar este potencial em coisas palpáveis. “Em termos de diamantes, temos muito aqui no nosso país, mas é necessário que nós consigamos fazer com que este diamante se torne valioso, se torne uma mais-valia para o nosso país”, advogou.
Bolsa angolana de diamantes [sempre] arranca este ano
A ocasião foi aproveitada por Jânio Correia Victor para reiterar que tudo está a ser feito para que a Bolsa de Diamantes de Angola saia ainda este ano, tendo elucidado os motivos que levam ao lançamento da mesma.
“A bolsa de diamantes tem a ver com transparência na comercialização e é isso que nós queremos atingir. Queremos nós próprios comercializar os nossos diamantes no nosso país. Sabem que existe até agora uma dependência, não só por parte de Angola como país produtor, mas também de outros países produtores, quer africanos quer de outras regiões, concentram-se em muito poucas bolsas que se encontram fora do nosso país, entre as quais a do Dubai, Antuérpia (Bélgica), e de Israel”, apontou.
Enquanto grande produtor [Angola é actualmente o 4.º maior produtor de diamantes do mundo], justificou, o país também quer estar entre aqueles que vão decidir sobre a comercialização dos seus diamantes e vendê-los de forma transparente e aberta. “É isso que nós queremos atingir e faz parte também da Iniciativa de Transparência da Indústria Extrativa, que abarca não só o sector mineiro, como também o sector petrolífero”, afirmou, rematando que “isso faz parte da estratégia do Executivo para que a governação do país seja mais transparente”.